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Um pouco sobre a história da seda

Há muitos mitos e lendas a respeito. Um deles conta que a imperatriz chinesa Hsi Ling- Shi notou que um casulo havia caído de uma amoreira na sua xícara de chá. Ao tentar tirá-lo, ela viu que ele soltava um delicado fio de seda. Assim nasceu o processo de bobinagem, que hoje é automatizado.

 

Existem muitas lendas e mitos que contam o surgimento da seda, mas foi na China que tudo começou. Na cultura chinesa, a Imperatriz Hsi Ling Shi (também chamada Lei Zu, esposa do imperador amarelo, Huang Di), é venerada como “a deusa da seda” por ter inventado o tear e tê-lo utilizado na produção de tecidos de seda. Testemunhos arqueológicos da época Shang (século XVI ao século XI a.C.) mostram que a sericicultura – cultura do bicho da seda – já se encontrava em estágio muito avançado. Concretamente há evidências da existência de um ideograma para seda, em língua chinesa, em torno do ano 2640 a.C.

 

 

No século III a.C., as exportações chinesas tiveram início pela “Rota da Seda”: levando e trazendo para o ocidente a seda, ouro, prata e retornando com lãs para o Oriente.

 

As Rotas da Seda eram uma série de rotas interconectadas através do sul da Ásia e eram usadas no comércio da seda entre o Oriente e a Europa. Os meios de transporte que rodeavam tais rotas eram as caravanas e embarcações oceânicas que faziam a ligação do Oriente e a Europa. No inicio, a rota ligava a cidade de Chang’an na China até Antioquia na Ásia menor, porém sua influência foi aumentando chegando até a Coreia e o Japão, formando assim a maior rede comercial do Mundo Antigo. Essa rotas não foram importantes somente para o crescimento e desenvolvimento de regiões e de grandes civilizações como o Egito Antigo, a Mesopotâmia, a China, a Pérsia a Índia e Roma, elas foram importantes também para fundamentar o início do mundo moderno.

 

A Rota da Seda tinha cerca de quatro mil quilômetros e se estendia do leste da China ao Mar Mediterrâneo. A Rota da Seda continental se divide em rotas do sul e do norte, por causa de importantes centros comerciais que se encontram no norte e no sul da China. A Rota do norte atravessava todo o Leste Europeu (os mercadores criaram até mesmo cidades na Bulgária), a península da Crimeia, o Mar Negro, o Mar de Marmara, chegando aos Bálcãs e por fim, a Veneza. A Rota do Sul percorre o Turcomenistão, a Mesopotâmia e a Anatólia. Chegando nesse ponto, tal rota se divide em rotas que levam a Antioquia (na Anatólia meridional, que é banhada pelo mar Mediterrâneo), ou ao Egito e ao Norte da África. De lá, as mercadorias eram enviadas através do mar Mediterrâneo. Poucas pessoas viajaram todo o percurso. As mercadorias eram manipuladas principalmente por uma série de intermediários.

 

 

Os chineses mantiveram o monopólio sobre a produção mundial de seda até cerca de 200 a.C., quando a Coréia viu o surgimento de sua própria indústria graças a um punhado de imigrantes chineses que haviam se estabelecido lá. Aproximadamente no ano 300 d.C., a sericicultura se espalhou para a Índia, o Japão e a Pérsia – com a seda se tornando parte da história dessas culturas.

 

O segredo da fabricação da seda chegou à Europa apenas em 550 d.C. através do Império Bizantino. Segundo uma lenda, monges que trabalhavam para o imperador Justiniano contrabandearam ovos do bicho da seda para Constantinopla em gomos de bambu oco. Os bizantinos mantiveram o segredo tanto quanto os chineses, e por muitos séculos a tecelagem e comercialização de tecidos de seda era um monopólio estritamente do império.

 

No século VII, os árabes conquistaram a Pérsia, capturando suas magníficas sedas. Desta forma, a sericicultura e a tecelagem da seda espalharam-se pela África, Sicília e Espanha. A Andaluzia foi o principal centro europeu de produção de seda no século X. Houve também produção do tecido pelos mercadores de Veneza.

 

Já no século XIV, as cidades italianas de Gênova, Florença e Lucca, ficaram famosas pelas suas tecelagens de seda. A França, a partir da segunda metade do século XV, começou a estimular a indústria local fazendo com que Lyon se tornasse um dos maiores centros mundiais de tecelagem de seda, posição mantida até hoje.

Por muitos séculos apenas a China produzia a seda. Ninguém mais sabia como fabricá-la e qualquer pessoa naquele país que revelasse o segredo do bicho da seda era executada como traidora. Portanto, não surpreende saber que o monopólio chinês na fabricação de seda a tenha tornado caríssima. Durante a dinastia Han (entre 206 a.C. a 24 d.C.), a seda chinesa já era famosa em todo o mundo devido ao intenso tráfego comercial entre a China e Europa. Em todo o Império Romano a seda valia seu peso em ouro.

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